NOELLI, Francisco Silva (2025) “Não há colonialismo sem tekoába: uma arqueologia das relações e da materialidade entre Tupiniquim e Portugueses na Capitânia de São Vicente, Brasil (1502-1700)”, Tese de Doutorado.

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NOELLI, Francisco Silva. Não há colonialismo sem tekoába: uma arqueologia das relações
e da materialidade entre Tupiniquim e Portugueses na Capitania de São Vicente, Brasil (1502-1700), Tese (Doutorado) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2025.

RESUMO: Esta tese de doutoramento apresenta uma abordagem interdisciplinar para investigar
as interações entre os povos Tupiniquim e os portugueses que viveram em comunidades
cultivadoras da floresta nos biomas Mata Atlântica e Cerrado, no atual Estado de São Paulo,
Brasil. Trata-se de uma pesquisa sobre territorialidade, soberania alimentar, materialidade e suas
linguagens, dialogando com teorias e métodos das humanidades para interpretar o contexto
arqueológico e histórico dessas relações. O objetivo geral é mostrar que, entre 1502 e 1700, na
Capitania de São Vicente, parte dos portugueses adoptaram o modo de vida Tupiniquim,
articulando interesses estratégicos, alianças e laços de parentesco. A tese foi dividida em quatro
eixos de investigação: 1) mapeamento arqueológico/histórico Tupiniquim e colonial; 2)
demografia histórica; 3) território e residência no tekoába (território da aldeia), na tába (aldeia)
e ’ók (casa); 4) cultivo da floresta e soberania alimentar. A pesquisa revelou que: 1) a população
Tupiniquim preservou sua identidade cultural e resistiu à completa assimilação pelos
portugueses; 2) a parte dos portugueses que se aliou aos Tupiniquim preservou sua autonomia
frente ao poder colonial, em um fenômeno interpretado como “autonomismo paulista”.
Informações sobre as práticas Tupiniquim e de seus descendentes foram sistematicamente
levantadas em registos históricos, linguísticos, arqueológicos e antropológicos, revelando a
autodeterminação das comunidades e a sustentabilidade na prática do cultivo da floresta.
Conclui-se que a abordagem desenvolvida e os resultados alcançados possuem grande potencial
para uma nova interpretação do período colonial e da presença Tupiniquim na história de São
Paulo, que possa inspirar a população Tupi Guarani de São Paulo, Tupinikín do Espírito Santo e
Tupinambá de Olivença a publicar as suas memórias ancestrais e a procurar suas histórias
registadas em inúmeras páginas e coleções de materialidade guardadas no Brasil e noutros países.

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